quinta-feira, 16 de julho de 2015

730 dias de saudades!







Hoje eu pensei em você com saudades e o meu coração se encheu de tristeza e fez as lágrimas transbordarem pelos meus olhos. Mas não há nenhuma novidade nisso, porque eu pensei em você ontem, e anteontem, e todos os dias, desde que você se foi.

São 730?Mas como assim tão rápido? E não foi ontem?

Lembro tudo com tanta clareza que custo acreditar que já se passaram 730 dias sem a sua presença. Sem seus beijos e abraços fraternos e cheios de amor. Ah! Como sinto falta de todos eles. São 730 dias sem poder te tocar e olhar nos olhos mais lindos do mundo. Sem acariciar a sua pele macia e tão jovem! Custo acreditar! É impossível!

Ao fechar meus olhos, um filme passa em minha cabeça e consigo reviver cada detalhe. Cada momento de alegria e dor intensa. Cada momento de carinho distribuídos em beijinhos, abraços, risadas. Ah! A risada sem dentes mais linda que já vi. Obrigada por partilhar comigo!

A saudade é tanta, que em diversos momentos não quero te deixar ir. Seria o certo, afinal, já se passaram 730 dias! Uma saudade que em diversos dias consome toda minha força, e em tantos outros é o alimento para a minha alma sedenta. Não tem como não lembrar de ti com lágrimas nos olhos e um coração apertadinho de angústia, só por saber o tamanho de sua luta. Assim como, os momentos em que fui incapaz de te tirar de lá! Peço perdão por isso!

A memória mais viva que tenho, é da tua risada gostosa ao encontrar seus netos, entrando galpão a dentro e já se encaminhando para te cheirar inteiro. Até te deixar vermelho de tanta felicidade e aflição para que fosse solto de tal aperto delicioso. Como você amava isso! O seu jeitinho de enxugar a louça enquanto sua véia lavava! O jeito como olhava para as mulheres na TV em dias de carnaval, torcendo para que sua veinha não o visse, afinal, o senhor tinha juízo! Sua felicidade ao aguar o canteiro de suas plantinhas! Elas não bebem água à 730 dias! Também sentem sua falta!

A dor de não poder te ver fisicamente é tão grande, que só nos damos conta dessa intensidade em datas como essa. Embora seja impossível te esquecer um só momento do dia! É incontrolável! Todos que te conheceram sabem muito bem do que estou falando. Um homem que tinha o poder de cativar a todos ao seu redor, por sua simplicidade e carisma de gente humilde. Não existe aquele que não te ame!

E não tem como falar de ti e não falar de amor!

Sua vida foi de doação permanente, sempre buscando agradar a todos ao seu redor. Com gestos simples, afinal, essa era a sua especialidade. E como és especial! Tenho saudade da tua proteção. Quase nunca te vi chorar! Tenho saudades tuas , como tenho! Tu que vives até hoje no meu coração, tão perto, mas não posso te tocar e pedir a tua ajuda! Beijar tuas mãos tremulas que afagavam meus cabelos de mulher, feita criança.

Eu tento me acostumar com a saudade, com as lembranças, com a dor, com a falta que você me faz, você sabe disso! Mas é que tem dias em que se é inevitável não lembrar de quantos momentos bons eu tive ao seu lado. Das manhãs de domingo juntos, dos natais, das festas, de tanto ensinamento, de tudo! Apesar de saber que tudo o que você quer é me ver sorrindo, eu já não vejo tantos motivos assim pra sorrir, já que um deles está longe de mim, muito longe. Dói olhar pro tempo e perceber que não vai voltar mais.

Queria que você tivesse a certeza do quanto foi especial para mim, do quanto eu fico feliz em saber que um pouco de você está em mim e irá para os que vierem depois de mim. Sim, a nossa essência nunca morre! Ela passa para os que conosco convivem, deixando rastros e perfumes que não podem ser definidos. Fico feliz em ter certeza que sua essência está em mim.

Em olhares escurecidos pela saudade, em lágrimas teimosas em cascatas. Sinto frio, voinho! O vento gela o meu sorriso. Como essa vida nossa é ingrata! Achamos, Vô, que somos donos do mundo! Nada disso! Não somos donos nem dos nossos narizes... Parece que foi ontem, voinho, que eu era tão pequena, franzina e tão chorona e vinhas me dar carinho e me fazer levantar dos muitos tombos. Eu me sentia protegida e tão feliz! Mas, um dia, vi que a vida não era assim tão mágica e cresci... Meu corpo espreguiçou-se e tive que caminhar sozinha. E quando pensava que a morte era falácia, perdi o seu colo! É como sinto aqui esse vácuo imenso chamado saudade!

Hoje se completam dois anos, 730 dias, desde o momento em que você partiu, desde o dia em que o adeus definitivo ditou o seu desaparecimento.São dois anos de viva saudade, e a certeza de que nunca cairá no esquecimento, pois mora em meu coração, nas minhas memórias…

Lá onde você estiver, espero que esteja em paz, e possa sentir a minha saudade que por você será eterna. Onde estiver, espero que receba mais um dos meus beijos, mais um dos meus abraços apertados, mais um cheiro nesses “zoios lindos”. Recebe a minha saudade eterna. O meu amor!

Ah! Voinho?
Não esqueça que eu te amo!


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Uma tarde na Vila






Será que em duas horas você consegue modificar todos os seus conceitos de amor ao próximo? 
Eu te desafio a tentar! 

Falar sobre algo que mexe com o seu interior é um pouco difícil e arriscado pelo fato de, talvez, conseguir arrancar lágrimas dos mais duros e insensíveis corações. Mas, calma aí! Acreditando que aqui não existam corações assim, vou disponibilizar uma caixinha de lenços. Vai que você precisa!

Foi um dia atípico e cheio de receios e preocupações, mas que aos poucos, com a chegada da hora marcada, consegui controlar todas as inquietudes que estava alimentando. Sim! Eu visitei a Vila! E você já conhece? Se sim, parabéns! Se não, vamos lá!

Para você que não conhece a Vila de que tanto falo, aí vai: Vila Vicentina Júlia Freire - Obra Unida da Sociedade de São Vicente de Paula - Inaugurada em 1944. Ela faz parte de uma sociedade, não apenas para idosos, que visam o bem estar geral, o cuidado com o próximo, tendo como missão aliviar a miséria espiritual e material dos que vivem em situação de risco social, colocando em prática os ensinamentos cristãos.

Ok! Até aí tudo bem, né?! Posso continuar? Então está bem!

Visitei a Vila na intenção de conhecer mais sobre a casa e me encantei com a forma que todos são tratados. Sem distinção alguma! A única coisa que mais transborda na casa é o amor. O amor dos funcionários pelos internos e vice versa. Consegui enxergar em cada olhar o zelo, o cuidado, o apego, os detalhes. Tudo aquilo que transforma a Vila num ambiente mágico! Conheci várias histórias, e algumas delas sofridas e esquecidas. Mas em momento algum eu vi tristeza por estar lá. Vi, por exemplo, insatisfação por não poder trabalhar mais. E percebi que esse também é um sentimento generalizado.

Passei por todos os blocos, todos os espaços, que foram construídos ou reformados com muito sacrifício e boa ação. Até porque, lá, tudo é mais difícil. Eles dependem de toda e qualquer doação. O que às vezes dificulta o trabalho feito com tanto carinho por todos os envolvidos. Resolvi colher algumas informações e a partir delas vamos chegar a uma conclusão juntos. Ok?

De acordo com uma pesquisa feita, cada idoso custa em média R$2.500,00 por mês para cada casa de repouso. Dessa quantia, os idosos que são aposentados, que não são todos, a família - se esse ou essa a tiver - deve ajudar com 70% do seu salário. E isso seria em média, de acordo com o salário mínimo vigente de R$ 854,00, o equivalente a R$ 598,00 aproximadamente. Daí eu te pergunto: Como cada casa de repouso consegue funcionar com menos R$2.000,00 todo mês por CADA idoso? É difícil e eu pude comprovar. Mas, em momento algum se pensa em fechar as portas. Isso só pode ser amor.

Saindo da administração, fui conhecer todo o ambiente e pude sim constatar vários problemas de infra estrutura. Eles precisam muito de nossa ajuda! Essa e a conclusão que tirei em apenas um momento que passei.

No meio de tanta gente eu conheci o Seu Antônio, e é sobre ele que vou falar para vocês! Quando cheguei na Vila, o Seu Antônio estava deitado devido a uma dor na sua perna. Mas quando percebeu nossa presença - pois fui acompanhada de um amigo fotógrafo, que me ajudou a eternizar momentos belíssimos - ele logo quis se levantar. E devido a experiência já vividas por mim, eu o ajudei.

Eram passos curtos, que denunciavam o tamanho da jornada que ele já contemplou. Passos, que mesmo já tendo caminhado bastante por seus 107 anos, eram firmes e decididos. Frágeis e fortes ao mesmo tempo. O que senti a cada passada do Seu Antônio foi mesclado entre: Saudades e muito respeito. Afinal, não é todo dia que encontramos uma figura com tanto carisma como ele.

Nos encaminhamos para varanda, ele sentou na sua poltrona e eu já tratei de fazer aquela pergunta clássica: Qual o segredo para viver tantos anos? Ele não exitou em me responder e confesso que fiquei maravilhada: 
“O segredo para se viver tantos anos, minha filha, é: Comer sem ter fome, beber sem ter sede e não articular/brigar com ninguém!”

Ouvindo tal ensinamento Jedi, eu fiquei me perguntando se hoje pelo menos metade da população vai conseguir passar dos 30. Cômico se não fosse trágico!

Voltando ao Seu Antônio, ele foi me contando algumas história de seu tempo de criança e fase adulta. Um vida cheia de dificuldades, mas que renderam para ele memórias como: Jogar bola com João Pessoa. Sim, O João Pessoa! Na sua humildade ele criou seus 12 filhos, trabalhando pesado na roça, plantando seu alimentos, buscando sua água de longe. Hoje, em 2015, a única tristeza de Seu Antônio é não poder mais trabalhar. E na sua inocência de gente humilde, achar que todos ainda vivem de seus roçados e plantações.

A simplicidade que pude ver em Seu Antônio, eu também consegui enxergar em todos os 65 idosos que dividem moradia com ele. Seu Jessé Wanderley - O radialista. Seu Benedito - O cantador que conhece todas as músicas do grande Luís Gonzaga. Do Seu João - Ex combatente, que já se encontra acamado, mas tem um dos apertos de mãos mais forte que eu já vi e pude sentir.

Tantos Joãos, Marias, Severinos, Antônios… Que em certo momento, foram esquecido pela sua família de origem, mas que acabaram ganhando outra família. Lembrando que, muito dos idosos que moram na Vila Vicentina tem seus familiares que vão visita-los, mas também existem aqueles que não a tem! Foi assim que eu consegui enxergar a Vila Vicentina: Um Lar!

Foi a tarde mais emocionante e gratificante de toda minha vida. Logo eu, que a tantos anos não visitava mais instituições como essa. Mas o momento em que despertei para essa visita foi ideal!

Então, se você assim como eu, não conhecia a Vila, espero que esse texto te deixe curioso para conhecer e quem sabe ajudar. Se você não puder colaborar financeiramente, fique sabendo que:

  • Um abraço pode curar feridas inatingíveis;
  • Quando você se disponibiliza para que o outro segure sua mão, você está passando a sua força para ele;
  • Espontaneidade. Ele adoram conversar;
  • Use a linguagem do amor. Segundo o livro “As cinco linguagens do amor” do antropólogo e terapeuta norte-americano Gary Chapman, "As cinco linguagens do amor são: toque físico, palavras de afirmação, tempo de qualidade, atos de serviço e presentes.
  • Comunique-se. Nada é mais poderoso que o poder das palavras;

Já imaginou quem seria você depois de uma visita a um lugar tão lindo quando a Vila? Eu digo de experiência própria, que você sairá de lá muito melhor. Renovado. Estimulado. Feliz. E para finalizar nossa conversa eu vou deixar os contatos do lugar que me fez a mulher mais feliz do mundo em apenas algumas horas:

Endereço: Rua Etelvinia Macedo de Mendonça, 327 - Torre - João Pessoa/PB CEP 58.040-530
Contatos: +55 83 3224-6988 - E-mail: vvjf@bol.com.br/bevijardim@bol.com.br

Se você não puder comparecer e quiser doar financeiramente, aí estão os dados:
    • Banco do Brasil - Agencia 0011-6 CC 48.974-3

Então é isso! Se deixe invadir pela mesma felicidade que nos invadiu. Você com toda certeza, sairá de lá com uma visão muito mais bonita da sua vida, dos seus problemas e do seu Ser Humano.

Beijinhos

Fotos


(Seu Antônio)









(Seu Benedito)








(Visitantes colaboradores)