quarta-feira, 15 de julho de 2015

Uma tarde na Vila






Será que em duas horas você consegue modificar todos os seus conceitos de amor ao próximo? 
Eu te desafio a tentar! 

Falar sobre algo que mexe com o seu interior é um pouco difícil e arriscado pelo fato de, talvez, conseguir arrancar lágrimas dos mais duros e insensíveis corações. Mas, calma aí! Acreditando que aqui não existam corações assim, vou disponibilizar uma caixinha de lenços. Vai que você precisa!

Foi um dia atípico e cheio de receios e preocupações, mas que aos poucos, com a chegada da hora marcada, consegui controlar todas as inquietudes que estava alimentando. Sim! Eu visitei a Vila! E você já conhece? Se sim, parabéns! Se não, vamos lá!

Para você que não conhece a Vila de que tanto falo, aí vai: Vila Vicentina Júlia Freire - Obra Unida da Sociedade de São Vicente de Paula - Inaugurada em 1944. Ela faz parte de uma sociedade, não apenas para idosos, que visam o bem estar geral, o cuidado com o próximo, tendo como missão aliviar a miséria espiritual e material dos que vivem em situação de risco social, colocando em prática os ensinamentos cristãos.

Ok! Até aí tudo bem, né?! Posso continuar? Então está bem!

Visitei a Vila na intenção de conhecer mais sobre a casa e me encantei com a forma que todos são tratados. Sem distinção alguma! A única coisa que mais transborda na casa é o amor. O amor dos funcionários pelos internos e vice versa. Consegui enxergar em cada olhar o zelo, o cuidado, o apego, os detalhes. Tudo aquilo que transforma a Vila num ambiente mágico! Conheci várias histórias, e algumas delas sofridas e esquecidas. Mas em momento algum eu vi tristeza por estar lá. Vi, por exemplo, insatisfação por não poder trabalhar mais. E percebi que esse também é um sentimento generalizado.

Passei por todos os blocos, todos os espaços, que foram construídos ou reformados com muito sacrifício e boa ação. Até porque, lá, tudo é mais difícil. Eles dependem de toda e qualquer doação. O que às vezes dificulta o trabalho feito com tanto carinho por todos os envolvidos. Resolvi colher algumas informações e a partir delas vamos chegar a uma conclusão juntos. Ok?

De acordo com uma pesquisa feita, cada idoso custa em média R$2.500,00 por mês para cada casa de repouso. Dessa quantia, os idosos que são aposentados, que não são todos, a família - se esse ou essa a tiver - deve ajudar com 70% do seu salário. E isso seria em média, de acordo com o salário mínimo vigente de R$ 854,00, o equivalente a R$ 598,00 aproximadamente. Daí eu te pergunto: Como cada casa de repouso consegue funcionar com menos R$2.000,00 todo mês por CADA idoso? É difícil e eu pude comprovar. Mas, em momento algum se pensa em fechar as portas. Isso só pode ser amor.

Saindo da administração, fui conhecer todo o ambiente e pude sim constatar vários problemas de infra estrutura. Eles precisam muito de nossa ajuda! Essa e a conclusão que tirei em apenas um momento que passei.

No meio de tanta gente eu conheci o Seu Antônio, e é sobre ele que vou falar para vocês! Quando cheguei na Vila, o Seu Antônio estava deitado devido a uma dor na sua perna. Mas quando percebeu nossa presença - pois fui acompanhada de um amigo fotógrafo, que me ajudou a eternizar momentos belíssimos - ele logo quis se levantar. E devido a experiência já vividas por mim, eu o ajudei.

Eram passos curtos, que denunciavam o tamanho da jornada que ele já contemplou. Passos, que mesmo já tendo caminhado bastante por seus 107 anos, eram firmes e decididos. Frágeis e fortes ao mesmo tempo. O que senti a cada passada do Seu Antônio foi mesclado entre: Saudades e muito respeito. Afinal, não é todo dia que encontramos uma figura com tanto carisma como ele.

Nos encaminhamos para varanda, ele sentou na sua poltrona e eu já tratei de fazer aquela pergunta clássica: Qual o segredo para viver tantos anos? Ele não exitou em me responder e confesso que fiquei maravilhada: 
“O segredo para se viver tantos anos, minha filha, é: Comer sem ter fome, beber sem ter sede e não articular/brigar com ninguém!”

Ouvindo tal ensinamento Jedi, eu fiquei me perguntando se hoje pelo menos metade da população vai conseguir passar dos 30. Cômico se não fosse trágico!

Voltando ao Seu Antônio, ele foi me contando algumas história de seu tempo de criança e fase adulta. Um vida cheia de dificuldades, mas que renderam para ele memórias como: Jogar bola com João Pessoa. Sim, O João Pessoa! Na sua humildade ele criou seus 12 filhos, trabalhando pesado na roça, plantando seu alimentos, buscando sua água de longe. Hoje, em 2015, a única tristeza de Seu Antônio é não poder mais trabalhar. E na sua inocência de gente humilde, achar que todos ainda vivem de seus roçados e plantações.

A simplicidade que pude ver em Seu Antônio, eu também consegui enxergar em todos os 65 idosos que dividem moradia com ele. Seu Jessé Wanderley - O radialista. Seu Benedito - O cantador que conhece todas as músicas do grande Luís Gonzaga. Do Seu João - Ex combatente, que já se encontra acamado, mas tem um dos apertos de mãos mais forte que eu já vi e pude sentir.

Tantos Joãos, Marias, Severinos, Antônios… Que em certo momento, foram esquecido pela sua família de origem, mas que acabaram ganhando outra família. Lembrando que, muito dos idosos que moram na Vila Vicentina tem seus familiares que vão visita-los, mas também existem aqueles que não a tem! Foi assim que eu consegui enxergar a Vila Vicentina: Um Lar!

Foi a tarde mais emocionante e gratificante de toda minha vida. Logo eu, que a tantos anos não visitava mais instituições como essa. Mas o momento em que despertei para essa visita foi ideal!

Então, se você assim como eu, não conhecia a Vila, espero que esse texto te deixe curioso para conhecer e quem sabe ajudar. Se você não puder colaborar financeiramente, fique sabendo que:

  • Um abraço pode curar feridas inatingíveis;
  • Quando você se disponibiliza para que o outro segure sua mão, você está passando a sua força para ele;
  • Espontaneidade. Ele adoram conversar;
  • Use a linguagem do amor. Segundo o livro “As cinco linguagens do amor” do antropólogo e terapeuta norte-americano Gary Chapman, "As cinco linguagens do amor são: toque físico, palavras de afirmação, tempo de qualidade, atos de serviço e presentes.
  • Comunique-se. Nada é mais poderoso que o poder das palavras;

Já imaginou quem seria você depois de uma visita a um lugar tão lindo quando a Vila? Eu digo de experiência própria, que você sairá de lá muito melhor. Renovado. Estimulado. Feliz. E para finalizar nossa conversa eu vou deixar os contatos do lugar que me fez a mulher mais feliz do mundo em apenas algumas horas:

Endereço: Rua Etelvinia Macedo de Mendonça, 327 - Torre - João Pessoa/PB CEP 58.040-530
Contatos: +55 83 3224-6988 - E-mail: vvjf@bol.com.br/bevijardim@bol.com.br

Se você não puder comparecer e quiser doar financeiramente, aí estão os dados:
    • Banco do Brasil - Agencia 0011-6 CC 48.974-3

Então é isso! Se deixe invadir pela mesma felicidade que nos invadiu. Você com toda certeza, sairá de lá com uma visão muito mais bonita da sua vida, dos seus problemas e do seu Ser Humano.

Beijinhos

Fotos


(Seu Antônio)









(Seu Benedito)








(Visitantes colaboradores) 




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